Moradores exigem acesso pedonal
Os moradores da Quinta do Cabeço, na cidade de Leiria, estão a contestar o corte da estrada que passa por trás do estado municipal. A interrupção da via foi efectuada no passado sábado, pela empresa responsável pelas obras de remodelação do estádio, e não permite sequer o acesso pedonal das pessoas que residem naquela área.
“Não concordamos com esta situação”, disse ao REGIÃO DE LEIRIA Maria Adelaide Viva, proprietária da Taberna do Lagoa, junto à qual foram colocados os tapumes que impedem a passagem de peões ou viaturas. “Concordamos com as obras, mas esqueceram-se que aqui mora muita gente que não tem possibilidade de dar a volta pela Avenida 25 de Abril”, acrescentou.
A proprietária lamentou ainda que a Câmara Municipal se tenha “esquecido” de avisar os moradores. “Quando se realiza a Feira de Leiria nunca se esquecem de nos avisar. Desta vez soubemos pelo jornal”, contestou a moradora.
A revolta é tanto maior porque foi o avô de Rui Viva, proprietário da Taberna do Lagoa, que vendeu à autarquia os terrenos que são hoje a zona desportiva da cidade. “Nesse contrato há uma cláusula que salvaguardava a serventia à casa pelas estradas nacionais 109 e 242”, referiu Rui Viva, alegando a existência de “direitos legais”, pelo que não resta ao município outra alternativa que não seja a de modificar a situação.
Isabel Damasceno, presidente da Câmara Municipal, manifestou-se disponível para conversar sobre a situação e encontrar uma solução que permita a passagem das pessoas.
Expropriação à vista. Incerto continua, contudo, o futuro da taberna. As obras de construção das acessibilidades necessárias à maior fluidez do tráfego em torno do estádio Magalhães Pessoa implicam a demolição do “Lagoa”, situação que não é muito bem vista por Rui Viva.
“O edifício tem mais de 100 anos e já pertenceu a três gerações da família. Já houve algumas conversas com a autarquia, mas ainda não chegámos a nenhuma conclusão e ainda estamos à espera de uma outra reunião com a câmara. Mas parece-me que vai haver muita discussão à volta disto”, avisou Rui Viva.
Isabel Damasceno precisou que a situação carece ainda de uma resposta da família. “Nunca é agradável para ninguém ser obrigado a mudar de instalações, ainda para mais quando se trata de um imóvel com algum valor histórico e que tem um significado afectivo para a família”, comentou.
Segundo a presidente, apesar de a câmara “estar disposta a negociar, se não se chegar a um acordo, avançará para a expropriação, como acontece normalmente noutras situações”.