segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

'' TODOS QUEREM IR AO LAGOA ''



Moradores exigem acesso pedonal


Os moradores da Quinta do Cabeço, na cidade de Leiria, estão a contestar o corte da estrada que passa por trás do estado municipal. A interrupção da via foi efectuada no passado sábado, pela empresa responsável pelas obras de remodelação do estádio, e não permite sequer o acesso pedonal das pessoas que residem naquela área.
“Não concordamos com esta situação”, disse ao REGIÃO DE LEIRIA Maria Adelaide Viva, proprietária da Taberna do Lagoa, junto à qual foram colocados os tapumes que impedem a passagem de peões ou viaturas. “Concordamos com as obras, mas esqueceram-se que aqui mora muita gente que não tem possibilidade de dar a volta pela Avenida 25 de Abril”, acrescentou.
A proprietária lamentou ainda que a Câmara Municipal se tenha “esquecido” de avisar os moradores. “Quando se realiza a Feira de Leiria nunca se esquecem de nos avisar. Desta vez soubemos pelo jornal”, contestou a moradora.
A revolta é tanto maior porque foi o avô de Rui Viva, proprietário da Taberna do Lagoa, que vendeu à autarquia os terrenos que são hoje a zona desportiva da cidade. “Nesse contrato há uma cláusula que salvaguardava a serventia à casa pelas estradas nacionais 109 e 242”, referiu Rui Viva, alegando a existência de “direitos legais”, pelo que não resta ao município outra alternativa que não seja a de modificar a situação.
Isabel Damasceno, presidente da Câmara Municipal, manifestou-se disponível para conversar sobre a situação e encontrar uma solução que permita a passagem das pessoas.
Expropriação à vista. Incerto continua, contudo, o futuro da taberna. As obras de construção das acessibilidades necessárias à maior fluidez do tráfego em torno do estádio Magalhães Pessoa implicam a demolição do “Lagoa”, situação que não é muito bem vista por Rui Viva.
“O edifício tem mais de 100 anos e já pertenceu a três gerações da família. Já houve algumas conversas com a autarquia, mas ainda não chegámos a nenhuma conclusão e ainda estamos à espera de uma outra reunião com a câmara. Mas parece-me que vai haver muita discussão à volta disto”, avisou Rui Viva.
Isabel Damasceno precisou que a situação carece ainda de uma resposta da família. “Nunca é agradável para ninguém ser obrigado a mudar de instalações, ainda para mais quando se trata de um imóvel com algum valor histórico e que tem um significado afectivo para a família”, comentou.
Segundo a presidente, apesar de a câmara “estar disposta a negociar, se não se chegar a um acordo, avançará para a expropriação, como acontece normalmente noutras situações”.

'' ADEGA LAGOA NÃO CAIU ''



Deixem passar o Euro



A Taberna do Lagoa, situada nas traseiras do Estádio Municipal de Leiria, pode vir a desaparecer com as obras do Euro 2004. A Quinta do Cabeço vai ser atingida pela rede viária que, no futuro, servirá a zona desportiva e o edifício - que é taberna no piso térreo e habitação no piso superior - ocupa uma parte nevrálgica. É nessa zona que a autarquia pretende fazer passar uma via de escoamento do tráfego.
Isabel Damasceno reuniu-se pela primeira vez, na passada sexta-feira, com os proprietários das parcelas afectadas. Durante o encontro, a autarca manifestou interesse em reconstruir o edifício, num terreno mais próximo do rio. Mas se esta solução não for aceite, o executivo está disposto a declarar aquela área como utilidade pública e, posteriormente, proceder à sua expropriação. Rui Viva, que herdou e explora a taberna, não ficou satisfeito com a proposta que lhe foi apresentada: “toda a nossa vida foi feita aqui, a casa é conhecida por todo o povo leiriense e por gente de norte a sul do país”. O filho, Pedro Viva, defende que “há outras possibilidades” que não a demolição do edifício. Lamenta que devido a uma estrada se abdique de uma tasca que “já vai na terceira geração”, cuja licença de exploração remonta ao início da década de 50 e que é “uma referência para a cidade”. Rui e Pedro Viva apresentaram várias propostas a Isabel Damasceno para evitar a demolição do edifício, mas não registaram por parte da presidente receptividade para alterar o actual traçado.
Ao REGIÃO DE LEIRIA, Isabel Damasceno referiu que “esta é uma questão simples” e que as negociações com proprietários de terrenos afectados pelas obras do Euro 2004 “estão a ser muito rápidas”. A decisão de demolir o edifício e de o reconstruir noutro local também não agrada aos clientes habituais da taberna. Alguns já frequentam o estabelecimento há 30 anos, como é o caso de António Poças. Por enquanto, ainda brinca com a situação, mas garante que vai sentir falta da tasca se esta encerrar.
Também Francisco Assis discorda da solução apresentada. “É preciso que se convençam que lá por ser uma taberna, não é só para alcoólicos, isto é uma casa de convívio”, sublinha.
Já Basílio Pereira, antigo alcaide do castelo, não vê qualquer inconveniente na deslocação do edifício. Concorda que a taberna não pode encerrar, mas entende que esta também não deve impedir a cidade de “andar para a frente”.
Para Setembro está prevista uma nova reunião entre Isabel Damasceno e os proprietários e que, em princípio, será conclusiva.

'' CAIU A BARRACA ''



Barraca à porta do Estádio

Texto de Pedro Costa

A Taberna do Lagoa, provisoriamente instalada em contentores a dois passos das obras do Estádio Municipal de Leiria, atrás do edifício da Nerlei, está a atrapalhar a conclusão dos trabalhos. Por estar a impedir a construção de ramais de esgotos e de outros infra-estrutras, como electricidade e telecomunicações. A “barraca” resume-se a uma palavra: “atraso”. O edifício original da Taberna do Lagoa foi demolido por força das obras do Estádio. O acordo com o proprietário, Rui Vieira, previa a instalação provisória do estabelecimento em contentores e construção nas imediações de um novo e definitivo imóvel. Quatro meses após a conclusão dos muros de suporte de encosta, era o prazo estimado para que a família de Rui Vieira voltasse a ter o seu tecto.
Nos primeiros dias de Janeiro último a Taberna do Lagoa ocupou os contentores transformados em estabelecimento comercial e nove meses volvidos, há duas semanas, recebeu a visita do vereador responsável pelas Obras, Fernando Carvalho.
Rui Vieira conta ao REGIÃO DE LEIRIA que era intenção do autarca acordar a relocalização das instalações provisórias, devido aos constrangimentos que estaria a causar na recta final da obra.
Na presença do seu advogado, Rui Vieira “bateu o pé”, sustenta, e terá dito que dali só sairá para a prometida casa definitiva. Um problema “barbudo”, já que do início das obras nem sinal. Aliás, só uma semana depois desta reunião é que o projecto de construção foi submetido a apreciação - e aprovado – em reunião de Câmara.
Paulo Rabaça, vereador do Desporto e presidente da Leirisport, empresa municipal proprietária da obra, confirmou ao REGIÃO DE LEIRIA que, de facto, o “ramal de esgotos tem um ponto de passagem por aquele local, como têm outras infra-estruturas”, como “electricidade e telecomunicações”.
Negou que este tenha sido um problema inesperado, dando conta que “já estava prevista a passagem por ali das infra-estruturas”. O que só poderá suceder – a menos que se alterasse o projecto – com a “desde sempre prevista retirada” dos contentores que albergam a Taberna do Lagoa. Até porque, diz, aquela zona é um “local de caminho para o estádio e não pode estar obstruído”.
Confrontado com a posição do proprietário, remeteu o assunto para o seu colega de vereação, Fernando Carvalho. “Isso não é comigo… não tenho sido eu a acompanhar”, garante Paulo Rabaça.Fernando Carvalho, por seu turno, diz ao REGIÃO DE LEIRIA que já “não há qualquer problema”, afiançando que Rui Vieira e o estabelecimento “vão sair de onde estão para o edifício definitivo”. Como Rui Vieira exigira.
Justifica o atraso na construção do imóvel com “procedimentos burocráticos” e, ao contrário de Paulo Rabaça, garante que os contentores com a Taberna “provisória” não estorvam ao ramal de esgotos nem de quaisquer outras infra-estruturas. E, acrescenta, o edifício definitivo de Rui Vieira vai começar a ser construído e concluído “muito rapidamente”.
A tempo da inauguração do Estádio, a 19 de Novembro? Admite que não e, de novo em oposição ao que diz Paulo Rabaça, considera possível a abertura do Estádio com a permanência da provisória Taberna do Lagoa.

'' VINHO E AMIZADES ''


Lugar de culto e muitas das vezes servido como referência de cidade, ' é pá olha que quando fores ver a União de Leiria, tens que ir ao Lagoa'. Eram estas as expressões que fizeram tema de conversa por muitos cantos deste Portugal.
A adega Lagoa, ou taberna, como queiram dizer, foi e será um ponto de partida para muitos dos leirienses.
Após anos e com muitas mudanças, hoje está situada no que era o espaço do velho Lagoa, onde Rui Viva fez sempre questão de ficar, embora com a chegada do Euro, muito se pensou que seria um alvo abater, mas não, permanece firme de pedra e cal.
Todos os que visitam este lugar, sabem bem que não tem por lá o criador e amigo de todos o Rui, ou então o barbas como era conhecido por alguns, no entanto tem lá seus seguidores em que depositam toda a confiança, o Nuno e mais seus irmãos.
Este espaço que agora está a começar, será o começo de tentar perdurar as memórias vividas de uma taberna de que podemos dizer, sim taberna portuguesa.
Se alguém tiver algo que queira contar e colocar neste espaço, poderão o fazer me enviando mail ou chegar até mim algo de interesse que se possa descrever e tornar mais notório a presença da taberna, uma daquelas que ainda resistem à mudança da cidade.